RELATÓRIO RED HOUSE E O IV REICH (II)Campo de Auschwitz: milhões de judeus foram escravizados e mortos
Aqui o segundo capítulo da reportagem.
Bancos suíços, em particular o Banco Nacional Suíço aceitavam ouro roubado dos tesouros de países ocupados. Eles aceitavam títulos de propriedade roubados de empresários judeus na Alemanha e países ocupados, e forneciam moeda corrente que os nazistas precisavam para comprar material vital de guerra. A colaboração econômica suíça com os nazistas havia sido monitorada pela inteligência aliada. O autor do relatório Red House aponta: Previamente a exportação de capital por industriais alemães para países neutros tinha que ser conseguido por meio de influência especial.Agora o partido nazista estava por trás dos industriais e pedia que se salvassem mandando fundos para fora da Alemanha e ao mesmo tempo avançando os planos do partido para operações pós-guerra.A ordem para exportar capital era tecnicamente ilegal na Alemanha nazista, mas no verão de 1944 a lei não importava.Mais de dois meses depois do dia D, os nazistas estavam sendo esmagados pelos aliados no Oeste e pelos soviéticos no Leste. Hitler havia sido gravemente ferido em um atentado. A liderança nazista estava nervosa e dividida.Durante os anos de guerra a SS havia construído um gigante império econômico, baseado em roubo e assassinato, e eles planejavam mantê-lo.Uma reunião como a do Hotel Maison Rouge deveria ser protegida pela SS, de acordo com o Dr. Adam Tooze da Universidade de Cambridge, autor de “Salários da destruição: a ascensão e queda da Economia Nazista”.Ele diz: Em 1944 qualquer discussão sobre planejamento pós-guerra era proibida. Era extremamente perigoso fazê-lo em público. Mas a SS estava pensando no longo prazo. Se você estivesse tentando estabelecer uma coalizão de trabalho depois da guerra, o único lugar seguro para fazê-lo era sob o aparato de terror.Líderes da Shrewd SS, como Otto Ohlendorf, já estavam pensando mais adiante.Como comandante da Einsatzgruppe D, que operou no front oriental entre 1941 e 1942, Ohlendorf foi responsável pelo assassinato de 90.000 homens, mulheres e crianças.Um advogado e economista bem educado e inteligente, Ohlendorf mostrou uma grande preocupação pelo impacto psicológico nos atiradores dos esquadrões de fuzilamento: ele ordenou que vários deles atirassem simultaneamente nas suas vítimas, para evitar um sentimento de responsabilidade pessoal.No inverno de 1943 ele foi transferido para o Ministério da Economia. O trabalho de Ohlendorf era focado em exportação, mas sua prioridade real era preservar o massivo império econômico europeu da SS depois da derrota da Alemanha.Ohlendorf, que foi mais tarde enforcado em Nuremberg, tinha interesse particular no trabalho do economista alemão Ludwig Erhard, que escreveu um longo manuscrito sobre a transição da economia pós-guerra depois da derrota da Alemanha. Isto era perigoso, especialmente porque seu nome foi mencionado em conexão com grupos de resistência.Mas Ohlendorf, que também foi chefe da SD, o serviço secreto doméstico nazista, protegeu Erhard porque ele concordava com sua visão sobre a estabilização da economia Alemã no pós-guerra. Ohlendorf foi protegido por Heinrich Himmler, o chefe da SS.Ohlendorf e Erhard temiam a hiper-inflação, como a que destruiu a economia alemã nos anos 20. Tal catástrofe reduziria o império econômico da SS a nada.Os dois homens concordaram que a prioridade no pós-guerra era a rápida estabilização monetária através de uma moeda forte, mas eles perceberam que isto deveria ser reforçado por um poder de ocupação amigável, porque nenhum estado alemão teria legitimidade suficiente para introduzir uma moeda que tivesse algum valor.Esta moeda seria o Deutsch-mark, que foi introduzido em 1948. Foi um grande sucesso e alimentou rapidamente a economia alemã. Com uma moeda forte, a Alemanha era de novo um parceiro comercial atraente.Os conglomerados industriais alemães poderiam reconstruir seus impérios econômicos pela Europa.A guerra havia sido extremamente lucrativa para a economia alemã. Em 1948, apesar de seis anos de conflito, bombardeio aliado e pagamentos de reparação pós-guerra, o capital em patrimônio como equipamentos e prédios era maior do que em 1936.Erhard ponderou como a indústria alemã poderia se expandir pelo continente europeu. A resposta foi através do supra nacionalismo – um abandono voluntário da soberania nacional a favor de um corpo internacional.A Alemanha e a França eram os agentes por trás da European Coal and Steel Community (ECSC), o precursor da União Européia. O ECSC foi a primeira organização supranacional, estabelecida em abril de 1951 por seis estados europeus. Ela criou um mercado comum para carvão e aço que ela regulamentou. Isto criou um precedente vital para a erosão da soberania nacional, um processo que continua hoje.Mas antes que o mercado comum pudesse ser criado, os industriais nazistas tinham que ser perdoados e banqueiros e funcionários nazistas reintegrados. Em 1957, John J. McCloy, o alto comissário para a Alemanha, emitiu uma anistia para industriais condenados por crime de guerra.Os dois industriais nazistas mais poderosos, Alfried Krupp, da Krupp Industries e Friedrich Flick, cujo Flick Group eventualmente possuía 40 por cento da Daimler-Benz, foram soltos da prisão depois de ficarem três anos presos.Krupp e Flick haviam sido figuras centrais na economia nazista. Suas empresas usaram trabalhadores escravos como gado, que trabalhavam até morrer.A empresa Krupp logo se tornou uma das indústrias líderes na Europa.
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